quinta-feira, 27 de junho de 2019

Inácio de Antioquia e a origem do Cristianismo


Muitos se enganam em pensar que Constantino foi o principal responsável pela corrupção e gentilização do Cristianismo. Apesar de Constantino ter certamente acrescentado e consolidado a apostasia da igreja primitivo, ele não foi o primeiro. Foi na realidade Inácio de Antioquia que se rebelou contra o Concílio de Jerusalém, usurpou sua autoridade, segregou-se do Judaísmo, declarou que a Torá havia sido abolida, substituiu o Shabat do sétimo dia pela adoração no domingo e fundou uma nova religião não-judaica, a qual ele chamou de Cristianismo. 
Antioquia ocupa um importante lugar na história do cristianismo. Foi onde Paulo Tarso pregou o seu primeiro sermão (numa sinagoga), e foi também onde os seguidores de Jesus foram chamados pela primeira vez de que conhecemos hoje de cristãos:
e, tendo-o achado, levou-o a Antioquia. Durante um ano inteiro reuniram-se com a igreja, e instruíram muita gente; e em Antioquia os discípulos pela primeira vez foram chamados cristãos. Atos 11:26.
Durante um ano inteiro eles tomaram parte nas reuniões da comunidade e instruíram grande multidão, de maneira que em Antioquia é que os discípulos, pela primeira vez, foram chamados pelo nome de cristãos. Atos dos Apóstolos, 11:26, Bíblia Católica.

Atos 11:26 em outras versões:
tendo-o encontrado, levou-o para Antioquia. E, por todo um ano, se reuniram naquela igreja e ensinaram numerosa multidão. Em Antioquia, foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos. Versão: Português: João Ferreira de Almeida Revista e Atualizada;

Y conversaron todo un año allí con la iglesia, y enseñaron á mucha gente; y los discípulos fueron llamados Cristianos primeramente en Antioquía. Versão: Español: Reina Valera (1909);

And when he had found him, he brought him unto Antioch. And it came to pass, that a whole year they assembled themselves with the church, and taught much people. And the disciples were called Christians first in Antioch. Versão: English: King James Version;

y en cuanto le encontró, le llevó a Antioquía. Estuvieron juntos durante un año entero en la Iglesia y adoctrinaron a una gran muchedumbre. En Antioquía fue donde, por primera vez, los discípulos recibieron el nombre de «cristianos». Español: Biblia de Jerusalén (1976);

και ευρων αυτον, εφερεν αυτον εις Αντιοχειαν. Και συνελθοντες εις την εκκλησιαν εν ολοκληρον ετος εδιδαξαν πληθος ικανον, και πρωτον εν Αντιοχεια ωνομασθησαν οι μαθηται Χριστιανοι. Versão: Grego

Ao final do primeiro século, Inácio de Antioquia havia cumprido o alerta de Paulo. Ele abandonou o Judaismo Nazareno e fundou uma nova religião a qual chamou de “Cristianismo.” Uma religião que rejeitou a Torá, e  substituiu o Shabat do sétimo dia pela adoração dominical.

Antioquia foi fundada nos finais do século IV a.C. por Seleuco I Nicátor, que a tornou a capital do seu império. Seleuco servira como um dos generais de Alexandre III da da Macedônia, e o nome Antíoco ocorria frequentemente entre membros da sua família.

Flávio Josefo descreveu Antioquia como tendo sido a terceira maior cidade do Império Romano e também do mundo, com uma população estimada em mais de meio milhão de habitantes, depois de Roma e Alexandria. Cresceu a ponto de se tornar o principal centro comercial e industrial da província romana da Síria. Era considerada como a porta para o Oriente. Júlio César, Augusto e Tibério utilizavam-na como centro de operações. Era também chamada de "Antioquia, a bela", "rainha do Oriente", devido às riquezas romanas que a embelezavam, desde a estética grega até o luxo oriental.

O culto à deusa Astarte pelas mulheres da cidade de Antioquia chocava os cristãos, de forma que foi abolido por Constantino I. A maioria da população era síria ("gentios"), embora houvesse numerosa colônia judaica. A cultura era tipicamente grego-helenista.

A cidade conservou uma grande opulência e a Igreja continuou a crescer enquanto durou o Império Romano. Em 538, o rei Cosroes I a tomou e destruiu. O imperador Justiniano reconstruiu-a, mas no ano 635, os sarracenos a tomaram, e em 1084 passou para o domínio do Império Seljúcida. Excetuando o período decorrente entre 1068 e 1269, em que foi sede de um reino cristão fundado pelos cruzados, o Principado de Antioquia, tem continuado em poder dos muçulmanos. Hoje a moderna Antáquia, permanece sede de um patriarcado das igrejas católica romana e ortodoxa.
Região histórica: Síria
País: Turquia
Província romana: Síria

Santo Inácio de Antioquia (†107)
Foi o terceiro bispo da importante comunidade de Antioquia, fundada por São Pedro. Conheceu pessoalmente São Paulo e São João. Sob o imperador Trajano, foi preso e conduzido a Roma onde morreu nos dentes dos leões no Coliseu. A caminho de Roma escreveu Cartas às igreja de Éfeso, Magnésia, Trales, Filadélfia, Esmirna e ao bispo S. Policarpo de Esmirna. Na carta aos esmirnenses, aparece pela primeira vez a expressão “Igreja Católica”.

Santo Inácio escreveu sete cartas, as chamadas Epístolas de Inácio, preservadas no Codex Hierosolymitanus:
Epístola a Policarpo de Esmirna
Epístola aos Efésios
Epístola aos Esmirniotas
Epístola aos Filadélfos
Epístola aos Magnésios
Epístola aos Romanos
Epístola aos Trálios

Epístolas que foram atribuídas à Inácio, mas de origem espúria, incluem:
Epístola aos Tarsos
Epístola aos Antióquios
Epístola a Hero, um diácono de Antioquia
Epístola aos Filipenses
Epístola de Maria, a prosélita, para Inácio
Epístola para Maria de Neápolis (em Zarbo)
Primeira Epístola para São João
Segunda Epístola para São João
A Epístola de Inácio para Virgem Maria


«The Development of the Canon of the New Testament: Codex Hierosolymitanus» (em inglês). NT Canon.org. Consultado em 1 de janeiro de 2011
«The New Schaff-Herzog Encyclopedia of Religious Knowledge: Bryennios, Philotheos» (em inglês). Christian Classics Ethereal Library. Consultado em 1 de 
«The Original Catholic Encyclopedia». El Cajon, California: Catholic Answers. Consultado em 21 de julho de 2011
«Primates of the Apostolic See of Antioch» (em inglês). St. John of Damascus Faculty of Theology, University of Balamand. Consultado em 24 de dezembro de 2011. Arquivado do original em 31 de julho de 2011
«Patriarchs of Antioch: Chronological List» (em inglês). Syriac Orthodox Resources. Consultado em 24 de dezembro de 2011
História Eclesiástica. Ignatius and His Epistles. 
Thurston, Herbert. "Catholic." The Catholic Encyclopedia. Vol. 3. New York: Robert Appleton Company, 1908. 28 June 2016 
Epístola aos Trálios (13:3) (em inglês). [S.l.]: Christian Classics Ethereal Library. Consultado em 29 de janeiro de 2011
Atos 11:26 "E foi em Antioquia que os discípulos, pela primeira vez, receberam o nome de cristãos"
Inácio de Antioquia. Carta aos Efésios, 4
Inácio de Antioquia. Carta aos Efésios, 5
Inácio de Antioquia. «Epístola aos Esmirniotas (8:2)» (em língua). New Advent. Consultado em 29 de janeiro de 2011
Inácio de Antioquia. «Epístola aos Esmirniotas» (em língua). New Advent. Consultado em 29 de janeiro de 2011
Inácio de Antioquia. Epístola aos Efésios, 3,2
São Tomás de Aquino. Suma Teológica
Inácio de Antioquia. Epístola aos Efésios, 7,2.

INÁCIO SEPARA-SE DO CONCÍLIO DE JERUSALÉM
Até o tempo de Inácio, qualquer disputa que surgisse em Antioquia por fim era levada ao Concílio de Jerusalém (tal como em Atos 14:26-15:2). Inácio usurpou a autoridade do Concílio de Jerusalém, declarando a si mesmo, o bispo local, como sendo a autoridade final sobre a assembléia que o havia feito bispo, e semelhantemente declarando isto ser verdade acerca de todos os outros bispos e suas assembléias locais. Inácio escreve:
"...sujeitando-se ao seu bispo... ...andem juntos conforme a vontade de D-us. Jesus... é enviado pela vontade do Pai; Assim como os bispos... são [enviados] pela vontade de Jesus Cristo."] (Carta de Inácio aos Ef. 1:9,11)
"...seu bispo... penso que felizes são vocês que se unem a ele, assim como a igreja o é a Jesus Cristo e Jesus Cristo o é ao Pai... Vamos portanto cuidar para que não nos coloquemos contra o bispo, para que nos sujeitemos a D-us. Devemos olhar para o bispo tal como olharíamos para o próprio S-nhor." (Carta de Inácio aos Ef. 2:1-4)
"...obedeça ao seu bispo..." (Carta de Inácio aos Mag. 1:7)
"Seu bispo está presidindo no lugar de D-us... ...unam-se ao seu bispo..." (Carta de Inácio aos Mag. 2:5,7)
"...aquele...que faz qualquer coisa sem o bispo... não é puro em sua consciência..." (Carta de Inácio aos Tral. 2:5)
"...Não faça nada sem o bispo." (Carta de Inácio aos Fil. 2:14)
"Cuidem para que vocês sigam o seu bispo, Assim como Jesus Cristo ao Pai..." (Carta de Inácio aos Esm. 3:1)
Ao exaltar o poder do ofício do bispo (supervisor) e exigir a absoluta autoridade do bispo sobre a assembléia, Inácio estava na realidade fazendo uma jogada para obter o poder, tomando a autoridade absoluta sobre a assembléia de Antioquia e encorajando outros supervisores não-judeus a fazerem o mesmo.

INÁCIO DECLARA QUE A TORÁ FOI ABOLIDA
Além disso, Inácio afastou os homens da Torá e declarou que a Torá havia sido abolida, não somente em Antioquia, mas em todas as assembléias de não-judeus para as quais escreveu:
"Não sejam enganados por doutrinas estranhas; nem por fábulas antigas sem valor. Pois se continuarmos a viver conforme a Lei Judaica, estamos confessando que não recebemos a graça..." (Carta de Inácio aos Mag. 3:1)
"Mas se alguém pregar a Lei Judaica a vocês, não lhe dêem ouvidos..." (Carta de Inácio aos Fil. 2:6)

INÁCIO SUBSTITUI O SHABAT PELA ADORAÇÃO DOMINICAL
Foi Inácio quem primeiro substituiu o Shabat do sétimo dia pela adoração dominical, escrevendo:
"...não mais observem os Shabatot, mas observem o dia do Senhor, no qual também a nossa vida floresce nEle, através da Sua morte..." (Carta de Inácio aos Mag. 3:3)

INÁCIO DÁ UM NOME À SUA NOVA RELIGIÃO
Tendo usurpado a autoridade de Jerusalém, declarado a Torá abolida, e substituído o Shabat pelo domingo, Inácio criou uma nova religião. Inácio então cunha um novo termo, nunca antes utilizado, para essa nova religião que ele chama de "Cristianismo", a qual ele mesmo deixa claro que é distinta do Judaísmo. Ele escreve:
"Vamos portanto aprender a viver conforme as regras do Cristianismo, pois quem quer que seja chamado por qualquer outro nome além desse, esse não é de D-us...
"É absurdo nomear Jesus Cristo e Judaizar. Pois a religião cristã não abraçou a judaica. Mas a judaica [abraçou] a cristã..." (Carta de Inácio aos Mag. 3:8,11)

A Santíssima Trindade nos Padres Apostólicos: Santo Inácio de Antioquia
1. Santo Inácio foi o terceiro bispo da cidade de Antioquia depois do Apóstolo São Pedro, o qual, antes de transferir-se para Roma, tinha sido o seu primeiro bispo. Durante a perseguição aos cristãos no tempo do Imperador Trajano, Santo Inácio foi enviado preso a Roma e condenado a ser entregue às feras do Coliseu. Em sua viagem, como prisioneiro, ainda no fim do primeiro século, escreveu sete cartas, cinco das quais a diversas comunidades da Ásia Menor, uma à comunidade dos cristãos de Roma e outra a São Policarpo, bispo da cidade de Esmirna e discípulo de São João Evangelista.

2. As cartas de Santo Inácio e a Trindade:
É evidente pela leitura das cartas de Santo Inácio que o centro de seu pensamento é Cristo Jesus. Assim, ele fala muito mais de Deus Pai e de Jesus Cristo do que do Espírito Santo ou da Trindade. Vamos examinar, portanto, primeiro o que ele diz a respeito do Espírito Santo e da Trindade, para depois fazer o mesmo com o que ele nos tem a dizer sobre Cristo.

3. Santo Inácio e o Espírito Santo. Santo Inácio diz que o Espírito Santo foi o princípio da concepção virginal do Senhor:
"Nosso Deus, Jesus Cristo,
tomou carne no seio de Maria,
sendo de um lado descendente de Davi,
provindo por outro do Espírito Santo". Ef. 18, 2
Inácio diz também que foi pelo Espírito Santo que Cristo confirmou a hierarquia da Igreja:
"Saúdo vossa Igreja no sangue de Jesus Cristo,
pois ela é minha constante alegria,
sobretudo se continuarem unidos aos bispos,
aos presbíteros e diáconos que estão com ele,
instituídos segundo a palavra de Jesus Cristo,
que por sua própria vontade os fortaleceu no Espírito Santo". Fil. Intr.
Segundo Inácio, finalmente, foi ainda o Espírito Santo que falou através do próprio Inácio:
"Alguns desejaram enganar-me segundo a carne,
mas o Espírito, que é de Deus,
não se deixa enganar e revela seus segredos.
Clamei em alto e bom som,
na voz de Deus: 'Apegai-vos aos bispos,
ao presbitério, e aos diáconos'". Fil. 7,1-2

4. Santo Inácio e a Trindade.
A fórmula ternária aparece três vezes nas cartas de Santo Inácio:
"Sois pedras do templo do Pai,
alçadas para as alturas pela alavanca de Jesus Cristo,
alavanca que é a cruz,
servindo-vos do Espírito Santo como de um cabo". Ef. 9,1
"Cuidai de permanecer firmes nas doutrinas do Senhor e dos Apóstolos,
para que tudo quanto fazeis caminhe bem,
na fé e na caridade,
no Filho e no Pai e no Espírito,
em união com o vosso bispo muito digno e coroa espiritual do vosso presbitério,
e com os diáconos segundo o coração de Deus". Mg. 13,1
"Sede sujeitos ao bispo e uns aos outros,
como Jesus Cristo está sujeito ao Pai,
segundo a carne, e os Apóstolos a Cristo e ao Pai e ao Espírito". Mg. 13,2

5. Santo Inácio e Cristo. Inácio declara que
"Há um só Deus,
que se manifestou através de seu Filho Jesus Cristo,
sua Palavra saída do silêncio". Mg. 8,2
Também afirma que Jesus Cristo é Deus nas seguintes passagens:
"Nosso Deus, Jesus Cristo,
tomou carne no seio de Maria segundo o plano de Deus". Ef. 18,2
"Não vos separeis de Jesus Cristo Deus,
nem dos bispos,
nem das prescrições dos Apóstolos". Tral. 7,1
"Inácio, à Igreja amada e iluminada segundo a fé e a caridade de Jesus Cristo nosso Deus,
deseja todo o bem e irrepreensível alegria em Cristo Jesus Nosso Deus". Rom. Introd.
Em outras passagens, ele subentende a diferença de Cristo do Pai:
"Assim como o Senhor nada fez sem o Pai,
com o qual estava unido,
nem pessoalmente,
nem através dos Apóstolos,
assim também vós nada haveis de empreender sem o bispo e os presbíteros". Mg. 7,1
"Sigam todos ao bispo,
como Jesus Cristo ao Pai". Smir. 8,1
"Após a ressurreição comeu e bebeu com eles,
como alguém que tem corpo,
ainda que estivesse unido espiritualmente ao Pai". Smir. 3,3
Em outras, ainda, ele afirma a preexistência de Cristo antes da encarnação:
"Acorrei todos ao único templo de Deus,
ao único altar do sacrifício,
a um só Jesus Cristo,
que saíu de um só Pai,
permaneceu em Um só e a Ele voltou". Mg. 7,2
"Esforçai-vos por fazer tudo
sob a presidência do bispo em lugar de Deus e dos presbíteros em lugar do colégio dos apóstolos e dos diáconos encarregados do serviço de Jesus Cristo,
o qual antes dos séculos estava com o Pai e nos últimos tempos se manifestou". Mg. 6,1
Mas sobre a natureza da distinção de Cristo do Pai na unidade divina tudo o que Inácio tem a dizer é que Cristo é o "pensamento" do Pai:
"Jesus Cristo,
nossa vida inseparável,
é o pensamento do Pai,
como por sua vez os bispos,
estabelecidos até os confins da terra,
estão no pensamento de Jesus Cristo". Ef. 3,2

6. Conclusão: A Santíssima Trindade nos Padres Apostólicos
A evidência que pode ser reunida dos textos dos Padres Apostólicos é pobre e inconclusiva. A preexistência de Cristo era de modo geral concedida, assim como seu papel na Criação e na Redenção. De uma doutrina da Trindade no sentido estrito não há sinal, embora a fórmula ternária da Igreja tivesse deixado a sua marca em todo lugar.


Entre os vestígios contam-se um pórtico monumental, um estádio e um teatro, um estabelecimento para banhos públicos e um aqueduto, além de traços de um templo dedicado à deusa-mãe Cibele.

A relevância de Antioquia não seria desconhecida de Paulo. A narrativa do livro bíblico dos Atos dos Apóstolos assinala que o apóstolo e os seus companheiros entraram a um sábado na sinagoga. Foi o início de uma mudança que haveria de transfigurar o cristianismo.
snpcultura

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